Uma mulher se levanta e diz: sou uma personagem e esta é uma história. E eu disse a ela: sim, você é uma personagem que assiste a tudo quieta e esta é uma história. Uma outra história.
O ar se adensa de sussurros das coisas acontecidas. Homens olham para o céu e mulheres zelam pelo fogo na lareira. No lar. Lá em cima estrelas, vapores, astros descomunais. Aqui em baixo explicações, encantamento, medo. Explicações, encantamento, medo: seres caóticos, no princípio, e no princípio era o adjetivo e não o verbo. O Pensamento Ordenador nasce do Espanto e o Espanto não tem origem: é a origem. E também não tem finalidade: é o fim. O Pensamento Ordenador pode ser bem direcionado e acabar retornando da sua longa viagem com uma imensa bagagem de presentes ao Espanto. Presentes reais, factuais, os quais o Espanto recebe com muito espanto. Mas pode acontecer também de o Pensamento Ordenador julgar-se o Fiat lux, a verdade e a vida. E o princípio, o fim e os meios. Aí não há caminho, só há sistema: fechado, perfeito e acabado.
O riso de uma mula poderia ser instrumento de um misterioso aviso? Havia quem relacionasse erradamente os dias e os fatos fazendo com que o raciocínio estacasse a altura dos ombros. Um homem é claro. Porque a mulher continua cuidando do fogo na lareira. No lar. Pressentimentos antecedem os grandes acontecimentos? Ou serão os fatos aparentemente inexplicáveis os geradores da crença atenuadora da angústia de que é possível guiar-se pelos pressentimentos?
Um homem, uma personagem que fala, a única que sempre fala, diz: Quando chegar os dias de chuva a terra poderá se alagar e o alagamento prejudicará as plantações. Antes falarmos disto. De certezas puras. Assim é que eu gosto. Só para dizer coisas acontecentes vale a pena abrir a boca. Sua mulher avivou o fogo na lareira. No lar. E sua boca disse uma quase palavra: ah...
A noite era um lastro de escuro, estrelas e sombras com vida própria. O homem diz: quero lhe contar uma história, mulher. A história do dia em que éramos um e tudo era perfeito. Não havia, então, nem falsas nem verdadeiras fantasias. Eu não havia, nem tu, nem nós, e as coisas também eram viúvas de seus nomes e se incendiavam eternamente sendo apenas o que eram sem os estremecimentos dos medos famintos de rótulos. Tudo era assim, até que você, maldita, você disse algo através desse seu nariz de vidro. E o mundo se estilhaçou em desunidades. E o dormir se tornou essa necessidade escura. E o acordar essa necessidade clara.
A mulher pensou em dizer amém, mas não disse nada. Ninguém deveria ter de engolir a própria vida, mas esse homem que conta histórias me leva a julgar que o silêncio, o meu silêncio, é a nossa salvação. E assim se aninhou nos braços dele, juntou os braços no regaço e sentiu que infinitas pedras iriam nascer no leito dos rios.
No dia seguinte a mulher voltou ao seu posto de silenciosa vigília ígnea e o homem a olhar o céu e também a terra. Descobriu que as nuvens soltavam pios de mar e chamou de chuva a esses pios que davam arrepio de frio. O mundo lavado o fez pensar que as palavras eram bonitas, mas que o mais das vezes o melhor era buscá-las no fundo das tripas e das fezes. A realidade é uma roda de gritos que é preciso medir e pesar. E devo ficar com tudo isso para oferecer a ninguém?
E nesta noite o homem contou outra história à mulher que insisto em chamar de silente.
Contou-lhe a história de uma caverna e de seres agrilhoados dentro dela. E disse que esses seres acreditavam que as sombras projetadas no fundo da caverna eram reais quando não passavam de imagens. E disse que ele heroicamente tinha tentado libertá-las de seus grilhões. A mulher soltou um suspiro de alívio pelos olhos enquanto pensava: desta vez não tive nada a ver com isso!
Não? O contador de histórias prosseguiu: sabe de onde vinham as sombras projetadas no fundo da caverna? De um pedaço de fogo roubado da sua lareira, mulher dos infernos, mulher do diabo! É você quem cria a possibilidade das sombras. Primeiro porque disse uma palavra através do seu nariz de vidro. Segundo porque cria a possibilidade da ilusão, do engodo, da sombra que é parida por meio do lume que você gesta.
Depois dessa segunda história a personagem mulher desistiu parcialmente do fogo e pôs-se a tecer um manto para o princípio do mundo se aquecer do frio e que desse voz encantada aos bichos ferozes e força à fúria dos elementos e faca ao sangue dos animais sacrificados. Teceu e bordou por cima do tecido uma cestinha, um rio, um menino heróico e uma princesa egípcia.
Nascia o trançado das histórias dentro da história. E o riso regalado de seres imaginariamente independentes. Se alguém levantar o dedo mindinho poderá tocar as nuvens. Faltam apenas rebordos dourados – iluminadas iluminuras - emoldurando as páginas da realidade. Mas ainda podemos ouvir, debaixo das telhas ou das lajes, o silêncio da mulher e o palrar do homem.
Por Maria do Espírito Santo Gontijo Canedo
20.4.08
17.4.08
Uma história
Un punto en el infinito universo, compuesto por infinitas galaxias , con infinitas estrellas en cada una de ellas, un punto que podría o no existir, según fuera el remolino de polvo que acompañó la formación del sol. Un punto con todas las probabilidades en contra ya que requiere muchas condiciones para existir. Pero existe.
Una escasa probabilidad de que un conjunto de moléculas inorgánicas se ensamblen de determinada manera, intercambien electrones, armen largas cadenas aptas para conectarse con átomos sueltos. La escasa probabilidad de que esas moléculas tengan una necesidad de replicarse, duplicarse repitiendo exactamente la misma estructura. Durante millones de años, una sopa orgánica esperó que el milagro se produzca. Lo más probable era que no lo hiciera, que no pasara nada y que la sopa se evaporara finalmente. Pero de algún modo, sucedió.
La vida nació y se mantuvo como ameba durante centenares de millones de años. Pero de pronto algo sucedió y la vida, en pocos millones de años, se manifestó en centenares de formas. Muchas perecían ante cualquier cambio del medio ambiente. Una de esas extinciones fue masiva: solo tres de cada cien especies sobrevivieron al cataclismo. Y así, sucesivamente: cada especie que eludía la muerte salía fortalecida y apta para una nueva etapa, en que probablemente, casi con seguridad sería abatida. Podía sobrevivir ésta o aquella: todo era casual, nada respondía a un Plan.
Las formas de vida triunfantes, hace cien millones de años , eran enormes reptiles que devoraban toda forma de vida menor: los dinosaurios diezmaban a los débiles mamíferos, al punto de que casi se extingue esa rama. Pero en algún momento, los dinosaurios también desaparecieron en un cataclismo, y llegó la hora de los mamíferos. Pero pudo no haber sido así.
El reino de los mamíferos fue el reino del cuidado del bebé, de la organización en grupos, del desarrollo de técnicas de caza o pastoreo , del aumento del cerebro. Su plasticidad le permitió dotarse de manos con dedos prensiles, ojos frontales, capacidad de comunicación, formación de grupos. Los primates evolucionaron hacia un proto-homínido, erguido, pequeño, débil pero inteligente que supo desafiar los peligros de leones y búfalos y nació allí la Humanidad. Pero ese milagro pudo haber terminado en los dientes de algún felino.
La humanidad se tomó dos o tres millones de años para elaborar herramientas, crecer su cerebro, ejecutar la más perfecta coordinación mano-cerebro, elaborar rituales grupales, estrategias de cría, alimentación, higiene, abrigo, defensa. Hace cien mil años , pequeños grupos emprendieron la conquista de los continentes, saliendo de su Africa natal. Podían haber sido devorados por animales o diezmados por virus, enfrentados en guerras interminables o en luchas internas para poseer a la mujer más hermosa o el adorno más lucido. Pero prefirieron organizarse en grupos bajo una autoridad fuerte, sujetos a tabues y reglas fijas, aterrorizados con la posibilidad de ser desterrados del grupo y morir en la soledad de la jungla. Armaron así sociedades rígidas en las que las reglas del grupo (su lengua, sus dioses, su brujo, sus modos de enterramiento) dictaban la conducta y el pensamiento de la gente. Asi, miles de años.
Hasta que algunos, audaces, rompieron el aislamiento y comenzaron a intercambiar regalos con los grupos vecinos, a fijar algunas reglas (no matar al extranjero que viene a comerciar, respetar los acuerdos) y a obtener valor de esos intercambios. Pronto el mundo se llenó de aventureros que navegaban y comerciaban , que conocían lugares y cosechas, vinos y aceites mejores, que obtenían ventajas, que podían así comprar vestidos mejores y ornatos para regalar a su mujer.
Los jefes , rápidamente se apropiaban de esos valores, establecían reglas, decretos, leyes, normas, reglamentos, timbres, sellos, impuestos, tasas, controles, excepciones, prohibían comerciar esto o aquello, prohibían comerciar con esos o los otros, mientras acumulaban oro y construian palacios y pirámides y monumentos y tumbas eternas. Eran Dios en la tierra, el Faraón , el Emperador persa.
Alguna vez , en algún lugar un pueblo pensó que el verdadero dios no era el faraón sino Alguien infinitamente más poderoso y sutil, alguien sin imagen y con presencia infinita. Su Poder disminuía el poder del Faraón. Por eso era revolucionario: la simple idea de un Dios único desarmaba el relato que sustentaba el poder terrenal del Faraón.
En otro lugar el poder se dispersaba en muchas ciudades-islas, discutidoras, comerciantes, creadoras de arte y literatura, de política y filosofía, de teatro y arquitectura. Y con una propiedad privada inviolable, a prueba de reyes y dictadores. Crearon la Democracia, un inédito modo de gobierno en el que el pueblo decidía en asamblea. Un milagro rodeado de Reyes –Dioses hostiles, que se las arregló para sobrevivir y ganarle al Persa, con Alejandro. Pero ese milagro podía no haber sido inventado.
Llegó entonces la apoteosis romana, el Estado: Derecho, literatura, arte militar, navegación, conquista, incorporación de pueblos diversos a una única matriz cultural básica. Poder, Arte, Paz, dominio. Casi un milenio de perduración.
La caída y dispersión del Imperio Romano creó un océano de pequeños poderes feudales, autónomos, aislacionistas, autistas, congelados, sin industria, sin comercio, solo Guerra y Religión. La peste, el hambre, la miseria, la ignorancia, la suciedad.
En esa tristeza, algunos insistían con la vieja tradición de los vendedores trashumantes: judíos, moros, gitanos comerciando aquí y allá, intercambiando pequeños bienes, trazando caminos, rompiendo fronteras y peajes, alumbrando historias, multiplicando los contactos, esparciendo conocimientos y canciones, rompiendo la monotonía de la aldea, trayendo valores nuevos.
Entonces los condes, y los obispos y los reyes comprimiendo, reprimiendo, controlando, tasando, encausando ese comercio mínimo. Entonces los gremios, las corporaciones, poniendo limites, exigiendo fidelidades, ahogando rebeldías, estableciendo rígidas reglas, encorsetando.
A escondidas, escapando de la mirada del obispo, algún buscador alquimista de oro comienza a investigar, a encontrar leyes en la materia, punto de ebullición, transformaciones de elementos, combinaciones, mezclas, diluciones, nuevas materias. Otros verán que los cuerpos tienen leyes, inercias, puntos de equilibrio, fuerzas. Otros observan los pájaros y su extrañas emigraciones, las abejas y su complejo orden, el ciclo de las estaciones, la creación de vida. Nace una proto ciencia. Pero podría no haber nacido nunca.
Perseguidas, estas gentes inquietas se juntan en cofradías, intercambian conocimientos y consejos. Y adquieren de a poco cierto prestigio y poder. Son llamados a las Cortes, son los médicos del Rey, los astrónomos, los que ayudan a la navegación. Los Reyes, ahora, tienen como dominar a los Nobles feudales: establecen un nuevo Poder, menor al del antiguo Emperador, pero efectivo. Limitado por Cartas magnas y por Fueros ciudadanos, pero activo, conspirando para unir a la nación, terminar con los peajes feudales y, sobre todo, recaudar impuestos para el enorme Estado que comienza a levantarse, con sus ejércitos, y cortes judiciales, y miles de empleados de aduanas, de correos, de empadronamientos, de impuestos.
Pero los comerciantes, industriales, pequeños y grandes burgueses agobiados por impuestos y tasas, por regulaciones y poderes del Soberano le ponen límites al Rey, en Inglaterra y más tarde en las Colonias. Allí nace la Constitución, las Asambleas parlamentarias, la división de poderes, el Federalismo, la libertad amparada por la constitución que reza "Que todos los hombres son, por naturaleza, igualmente libres e independientes, y poseen determinados derechos inherentes de los que, una vez habiendo ingresado en el estado de sociedad, no pueden, bajo ningún pacto, ser privados o desposeídos en el futuro; a saber, el goce de la vida y la libertad, con los medios para adquirir y poseer la propiedad, y perseguir y alcanzar la felicidad y la seguridad".
En Europa ese movimiento adquiere sutiles diferencias : comparte el ansia libertadora pero le infunde un "pathos" más poderoso: la fuerza de la Razón, la idealización del pensamiento libre, la conciencia de que un pensador puede cambiar el mundo con solo proponérselo. Nace una arrogancia nueva: no hay límites para la Diosa Razón. El resultado es el Terror de la Revolución Francesa, un efluvio evitable que marcó para siempre el camino de la violencia revolucionaria, o sea , el crimen justificado por la Causa Razonable.
Durante un siglo todo confluyó armoniosamente: la ciencia, el derecho, la democracia, el comercio, la industria, la medicina, la tecnología. El siglo XIX presenció el más formidable crecimiento de la Humanidad luego de centurias de aumento vegetativo. Un obrero que en 1800 solo podía comprar un unidad de algodón con una unidad de salario, 100 años después podia adquirir diez unidades de algodón con esa unidad de salario.
Pero el crecimiento del poder adquisitivo fue paralelo a la percepción de profundas desigualdades. Lo que en el regimen anterior permanecía oculto, perdido en el corazón rural de los feudos, lastimaba ahora la vista en la ciudades industriales. Jornadas extenuantes, salarios bajos, viviendas precarias. Hasta 1870 ese era el espectáculo. Tras ese desastre se escondía el germen del crecimiento y la igualación social, pero eso no se demostraría hasta mucho después. Por ahora esa injusticia clamaba al cielo y producía el Socialismo.
Peor: producía por primera vez una profunda desconfianza hacia cualquier forma de libertad económica, el alma del nuevo sistema. Por ello: El Estado, Bismark, las experiencias de control estatal de la producción , la glorificación del Plan, al servicio de la Nación, del Pueblo, de la Raza. Nacen los totalitarismos del siglo XX, amparados bajo influencia de los intelectuales constructivistas que creen que todo es planificable desde el Estado, que creen que conocen cuales son las fuerzas reales que organizan y transforman la sociedad humana, que poseen un programa de Felicidad y lo imponen a sangre y fuego.
Todo estalla en guerra durante medio siglo. Los totalitarismos generan cientos de millones de muertos, en el GULAG soviético, en los campos nazis, en las matanzas chinas, las hambrunas norcoreanas y camboyanas. La torpeza de Occidente genera otros desastres como Vietnam. Africa se descoloniza y de separa del resto del mundo. América Latina exacerba su nacionalismo y su retórica populista. Y al fin, el Islam despierta de sus siglos de latencia y estalla la seguridad.
Taiwan, Singapur, Corea del Sur, Hong Kong demuestran que la libre circulación de capitales, la inversión en Educación, el cuidado de la Justicia, puede generar milagros económicos. En una generación se sale de la pobreza rural y se alcanza el estándar de vida más elevado. La mortalidad infantil baja del 40 a 4 por mil, en solo treinta años, en esos paises. Luego Chile, Nueva Zelandia, Irlanda, Estonia se suman al grupo de naciones emergentes que liberalizan las economías y la trasforman en focos de conexión con el mundo, alta tecnología, valor agregado, sueldos crecientes, desocupación en baja, mejoras en educación, salud, justicia, seguridad. Son modelos que se muestran, planteando nuevas alternativas al mundo en desarrollo.
Malasia, Tailandia, Indonesia y sobre todo India y China se sacan de encima las trabas y liberalizan sus economías, produciendo la Revolución Asiatica en marcha: capitalismo practico, veloz, creativo, aun encorsetado en regímenes dictatoriales como en China o Vietnam, pero desatando fuerzas imparables que transformaran pronto la libertad económica en libertad política.
La historia muestra que la llama a veces tiembla y parece apagarse, pero por sobre la mirada de los inquisidores, de los dictadores, de los nazis, stalinistas, leninistas, castristas, maoístas, fascistas, nacionalistas, aristocratizantes o populistas , de los violentos, los fundamentalistas, los integristas, los tradicionalistas, los conservadores, los revolucionarios, los iluminados, los predestinados, los caudillos, los jefes, líderes, conductores, fuhrers, los curas, rabinos e imanes fanatizados, rígidos, por sobre los amables redistribucionistas de dinero ajeno , por sobre los científicos que se creen destinados también a conducir a la Humanidad, a pesar de todos los Filósofos que creyeron encontrar La Explicación del mundo, a pesar de iluministas de la "voluntad general", de utopistas, de planificadores, de ingenieros sociales, a pesar de tantas amenazas, restricciones, condicionamientos, persecuciones, descalificaciones, a pesar de todo eso la llama de la ciencia, de la libertad, de la creatividad, el arte, del libre intercambio, de la democracia política , de la justicia, del estado de derecho, del control del gobierno por los ciudadanos, de los monopolios por los consumidores, a pesar de todo eso, quizás esa llama no se apague. Esa es la única esperanza.
Por Esteban Lijalad (Blog Monología).
Una escasa probabilidad de que un conjunto de moléculas inorgánicas se ensamblen de determinada manera, intercambien electrones, armen largas cadenas aptas para conectarse con átomos sueltos. La escasa probabilidad de que esas moléculas tengan una necesidad de replicarse, duplicarse repitiendo exactamente la misma estructura. Durante millones de años, una sopa orgánica esperó que el milagro se produzca. Lo más probable era que no lo hiciera, que no pasara nada y que la sopa se evaporara finalmente. Pero de algún modo, sucedió.
La vida nació y se mantuvo como ameba durante centenares de millones de años. Pero de pronto algo sucedió y la vida, en pocos millones de años, se manifestó en centenares de formas. Muchas perecían ante cualquier cambio del medio ambiente. Una de esas extinciones fue masiva: solo tres de cada cien especies sobrevivieron al cataclismo. Y así, sucesivamente: cada especie que eludía la muerte salía fortalecida y apta para una nueva etapa, en que probablemente, casi con seguridad sería abatida. Podía sobrevivir ésta o aquella: todo era casual, nada respondía a un Plan.
Las formas de vida triunfantes, hace cien millones de años , eran enormes reptiles que devoraban toda forma de vida menor: los dinosaurios diezmaban a los débiles mamíferos, al punto de que casi se extingue esa rama. Pero en algún momento, los dinosaurios también desaparecieron en un cataclismo, y llegó la hora de los mamíferos. Pero pudo no haber sido así.
El reino de los mamíferos fue el reino del cuidado del bebé, de la organización en grupos, del desarrollo de técnicas de caza o pastoreo , del aumento del cerebro. Su plasticidad le permitió dotarse de manos con dedos prensiles, ojos frontales, capacidad de comunicación, formación de grupos. Los primates evolucionaron hacia un proto-homínido, erguido, pequeño, débil pero inteligente que supo desafiar los peligros de leones y búfalos y nació allí la Humanidad. Pero ese milagro pudo haber terminado en los dientes de algún felino.
La humanidad se tomó dos o tres millones de años para elaborar herramientas, crecer su cerebro, ejecutar la más perfecta coordinación mano-cerebro, elaborar rituales grupales, estrategias de cría, alimentación, higiene, abrigo, defensa. Hace cien mil años , pequeños grupos emprendieron la conquista de los continentes, saliendo de su Africa natal. Podían haber sido devorados por animales o diezmados por virus, enfrentados en guerras interminables o en luchas internas para poseer a la mujer más hermosa o el adorno más lucido. Pero prefirieron organizarse en grupos bajo una autoridad fuerte, sujetos a tabues y reglas fijas, aterrorizados con la posibilidad de ser desterrados del grupo y morir en la soledad de la jungla. Armaron así sociedades rígidas en las que las reglas del grupo (su lengua, sus dioses, su brujo, sus modos de enterramiento) dictaban la conducta y el pensamiento de la gente. Asi, miles de años.
Hasta que algunos, audaces, rompieron el aislamiento y comenzaron a intercambiar regalos con los grupos vecinos, a fijar algunas reglas (no matar al extranjero que viene a comerciar, respetar los acuerdos) y a obtener valor de esos intercambios. Pronto el mundo se llenó de aventureros que navegaban y comerciaban , que conocían lugares y cosechas, vinos y aceites mejores, que obtenían ventajas, que podían así comprar vestidos mejores y ornatos para regalar a su mujer.
Los jefes , rápidamente se apropiaban de esos valores, establecían reglas, decretos, leyes, normas, reglamentos, timbres, sellos, impuestos, tasas, controles, excepciones, prohibían comerciar esto o aquello, prohibían comerciar con esos o los otros, mientras acumulaban oro y construian palacios y pirámides y monumentos y tumbas eternas. Eran Dios en la tierra, el Faraón , el Emperador persa.
Alguna vez , en algún lugar un pueblo pensó que el verdadero dios no era el faraón sino Alguien infinitamente más poderoso y sutil, alguien sin imagen y con presencia infinita. Su Poder disminuía el poder del Faraón. Por eso era revolucionario: la simple idea de un Dios único desarmaba el relato que sustentaba el poder terrenal del Faraón.
En otro lugar el poder se dispersaba en muchas ciudades-islas, discutidoras, comerciantes, creadoras de arte y literatura, de política y filosofía, de teatro y arquitectura. Y con una propiedad privada inviolable, a prueba de reyes y dictadores. Crearon la Democracia, un inédito modo de gobierno en el que el pueblo decidía en asamblea. Un milagro rodeado de Reyes –Dioses hostiles, que se las arregló para sobrevivir y ganarle al Persa, con Alejandro. Pero ese milagro podía no haber sido inventado.
Llegó entonces la apoteosis romana, el Estado: Derecho, literatura, arte militar, navegación, conquista, incorporación de pueblos diversos a una única matriz cultural básica. Poder, Arte, Paz, dominio. Casi un milenio de perduración.
La caída y dispersión del Imperio Romano creó un océano de pequeños poderes feudales, autónomos, aislacionistas, autistas, congelados, sin industria, sin comercio, solo Guerra y Religión. La peste, el hambre, la miseria, la ignorancia, la suciedad.
En esa tristeza, algunos insistían con la vieja tradición de los vendedores trashumantes: judíos, moros, gitanos comerciando aquí y allá, intercambiando pequeños bienes, trazando caminos, rompiendo fronteras y peajes, alumbrando historias, multiplicando los contactos, esparciendo conocimientos y canciones, rompiendo la monotonía de la aldea, trayendo valores nuevos.
Entonces los condes, y los obispos y los reyes comprimiendo, reprimiendo, controlando, tasando, encausando ese comercio mínimo. Entonces los gremios, las corporaciones, poniendo limites, exigiendo fidelidades, ahogando rebeldías, estableciendo rígidas reglas, encorsetando.
A escondidas, escapando de la mirada del obispo, algún buscador alquimista de oro comienza a investigar, a encontrar leyes en la materia, punto de ebullición, transformaciones de elementos, combinaciones, mezclas, diluciones, nuevas materias. Otros verán que los cuerpos tienen leyes, inercias, puntos de equilibrio, fuerzas. Otros observan los pájaros y su extrañas emigraciones, las abejas y su complejo orden, el ciclo de las estaciones, la creación de vida. Nace una proto ciencia. Pero podría no haber nacido nunca.
Perseguidas, estas gentes inquietas se juntan en cofradías, intercambian conocimientos y consejos. Y adquieren de a poco cierto prestigio y poder. Son llamados a las Cortes, son los médicos del Rey, los astrónomos, los que ayudan a la navegación. Los Reyes, ahora, tienen como dominar a los Nobles feudales: establecen un nuevo Poder, menor al del antiguo Emperador, pero efectivo. Limitado por Cartas magnas y por Fueros ciudadanos, pero activo, conspirando para unir a la nación, terminar con los peajes feudales y, sobre todo, recaudar impuestos para el enorme Estado que comienza a levantarse, con sus ejércitos, y cortes judiciales, y miles de empleados de aduanas, de correos, de empadronamientos, de impuestos.
Pero los comerciantes, industriales, pequeños y grandes burgueses agobiados por impuestos y tasas, por regulaciones y poderes del Soberano le ponen límites al Rey, en Inglaterra y más tarde en las Colonias. Allí nace la Constitución, las Asambleas parlamentarias, la división de poderes, el Federalismo, la libertad amparada por la constitución que reza "Que todos los hombres son, por naturaleza, igualmente libres e independientes, y poseen determinados derechos inherentes de los que, una vez habiendo ingresado en el estado de sociedad, no pueden, bajo ningún pacto, ser privados o desposeídos en el futuro; a saber, el goce de la vida y la libertad, con los medios para adquirir y poseer la propiedad, y perseguir y alcanzar la felicidad y la seguridad".
En Europa ese movimiento adquiere sutiles diferencias : comparte el ansia libertadora pero le infunde un "pathos" más poderoso: la fuerza de la Razón, la idealización del pensamiento libre, la conciencia de que un pensador puede cambiar el mundo con solo proponérselo. Nace una arrogancia nueva: no hay límites para la Diosa Razón. El resultado es el Terror de la Revolución Francesa, un efluvio evitable que marcó para siempre el camino de la violencia revolucionaria, o sea , el crimen justificado por la Causa Razonable.
Durante un siglo todo confluyó armoniosamente: la ciencia, el derecho, la democracia, el comercio, la industria, la medicina, la tecnología. El siglo XIX presenció el más formidable crecimiento de la Humanidad luego de centurias de aumento vegetativo. Un obrero que en 1800 solo podía comprar un unidad de algodón con una unidad de salario, 100 años después podia adquirir diez unidades de algodón con esa unidad de salario.
Pero el crecimiento del poder adquisitivo fue paralelo a la percepción de profundas desigualdades. Lo que en el regimen anterior permanecía oculto, perdido en el corazón rural de los feudos, lastimaba ahora la vista en la ciudades industriales. Jornadas extenuantes, salarios bajos, viviendas precarias. Hasta 1870 ese era el espectáculo. Tras ese desastre se escondía el germen del crecimiento y la igualación social, pero eso no se demostraría hasta mucho después. Por ahora esa injusticia clamaba al cielo y producía el Socialismo.
Peor: producía por primera vez una profunda desconfianza hacia cualquier forma de libertad económica, el alma del nuevo sistema. Por ello: El Estado, Bismark, las experiencias de control estatal de la producción , la glorificación del Plan, al servicio de la Nación, del Pueblo, de la Raza. Nacen los totalitarismos del siglo XX, amparados bajo influencia de los intelectuales constructivistas que creen que todo es planificable desde el Estado, que creen que conocen cuales son las fuerzas reales que organizan y transforman la sociedad humana, que poseen un programa de Felicidad y lo imponen a sangre y fuego.
Todo estalla en guerra durante medio siglo. Los totalitarismos generan cientos de millones de muertos, en el GULAG soviético, en los campos nazis, en las matanzas chinas, las hambrunas norcoreanas y camboyanas. La torpeza de Occidente genera otros desastres como Vietnam. Africa se descoloniza y de separa del resto del mundo. América Latina exacerba su nacionalismo y su retórica populista. Y al fin, el Islam despierta de sus siglos de latencia y estalla la seguridad.
Taiwan, Singapur, Corea del Sur, Hong Kong demuestran que la libre circulación de capitales, la inversión en Educación, el cuidado de la Justicia, puede generar milagros económicos. En una generación se sale de la pobreza rural y se alcanza el estándar de vida más elevado. La mortalidad infantil baja del 40 a 4 por mil, en solo treinta años, en esos paises. Luego Chile, Nueva Zelandia, Irlanda, Estonia se suman al grupo de naciones emergentes que liberalizan las economías y la trasforman en focos de conexión con el mundo, alta tecnología, valor agregado, sueldos crecientes, desocupación en baja, mejoras en educación, salud, justicia, seguridad. Son modelos que se muestran, planteando nuevas alternativas al mundo en desarrollo.
Malasia, Tailandia, Indonesia y sobre todo India y China se sacan de encima las trabas y liberalizan sus economías, produciendo la Revolución Asiatica en marcha: capitalismo practico, veloz, creativo, aun encorsetado en regímenes dictatoriales como en China o Vietnam, pero desatando fuerzas imparables que transformaran pronto la libertad económica en libertad política.
La historia muestra que la llama a veces tiembla y parece apagarse, pero por sobre la mirada de los inquisidores, de los dictadores, de los nazis, stalinistas, leninistas, castristas, maoístas, fascistas, nacionalistas, aristocratizantes o populistas , de los violentos, los fundamentalistas, los integristas, los tradicionalistas, los conservadores, los revolucionarios, los iluminados, los predestinados, los caudillos, los jefes, líderes, conductores, fuhrers, los curas, rabinos e imanes fanatizados, rígidos, por sobre los amables redistribucionistas de dinero ajeno , por sobre los científicos que se creen destinados también a conducir a la Humanidad, a pesar de todos los Filósofos que creyeron encontrar La Explicación del mundo, a pesar de iluministas de la "voluntad general", de utopistas, de planificadores, de ingenieros sociales, a pesar de tantas amenazas, restricciones, condicionamientos, persecuciones, descalificaciones, a pesar de todo eso la llama de la ciencia, de la libertad, de la creatividad, el arte, del libre intercambio, de la democracia política , de la justicia, del estado de derecho, del control del gobierno por los ciudadanos, de los monopolios por los consumidores, a pesar de todo eso, quizás esa llama no se apague. Esa es la única esperanza.
Por Esteban Lijalad (Blog Monología).
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